Ser evangélico já significou muita coisa. Paralelamente, ser
Cristão já foi sinônimo de ser canibal, visitante assíduo de catacumbas e,
também, membro de sociedade secreta.
Basicamente, tal como o nome explicitamente diz, o evangélico
é aquele que deve professar uma conduta de vida baseada no Evangelho. Embora
linguisticamente seja isso que o termo queira dizer, certamente não é isso o
que se vê na prática.
Hoje a legião pseudo-evangélica já soma 30 milhões de
pessoas no Brasil. Até o dia do evangélico está sendo comemorado! Mas não por
mim. Eu que cresci em contexto evangélico, nascido em 1985, só tenho visto
deterioração atrás de deterioração. E vejam que são apenas 26 anos! Em tão
pouco tempo, essa multidão foi a 30 milhões de pessoas, sendo que uns 25 milhões
são pessoas toscas, usurpadores do Evangelho, ladrões travestidos de ‘ungido
intocável’.
Ah sim, sei que escrevo para ouvir o ‘amém’ de uma minoria. Uma
minoria que realmente é evangélica, que realmente segue e vive o evangelho. Já
a maioria não conhece nada sobre Jesus.
Para essa maioria, Jesus é alguém que cura, que faz os
pobres se tornarem ricos se eles forem ‘fiéis’ com substantivas quantidades
financeiras, é um cara que não permite que você seja humilhado, ele o homem que
vai te ‘honrar’ diante do inimigo. Para eles, Jesus é isso. É uma extensão física,
uma projeção dos pecados e vontades humanas e pecadoras do homem.
O Jesus do Evangelho é outro. É o que diz que ao você ser
humilhado, você deve dar o outro lado para ser um pouco mais humilhado. É o que
diz que mesmo que você esteja doente, podre, caindo aos pedaços, você não deixa
de servir ao seu Deus, afinal, você o adora por quem Ele é e não pelo que Ele
faz por você. O Jesus que eu conheço é o que come com pecadores, que conversava
na rua com prostitutas, que bebia, que quando acabava a bebida numa festa,
tratava de fazer mais vinho para seus amigos se divertirem. Meu Jesus não era
membro de denominação nenhuma, afinal, Igreja são todos aqueles que estão sob a
Graça de Deus. Ele não pediu arrecadação para erguer templos, porque ensinou
que não é num monte de pedra e cimento empilhados que Deus habita, mas sim nos corações
dos homens, de modo que não é em templo nenhum que quem adora a Deus vai
adorar, mas sim em seus corações porque os verdadeiros adoradores o adoram em
espírito.
Esse jesus da maioria dos 30 milhões é um fraco, um coitado.
É alguém que tem medo de sofrer, que foge das tribulações. Fé? Fé para os seguidores
desse Jesus não é a crença no que você não vê, mas sim no que você vê, pega,
guarda no bolso. Sim, a fé para eles é totalmente material, nada de fé.
O meu Jesus disse que sou bem-aventurado quando for
perseguido. O deles diz que o capeta está se levantando contra você porque,
provavelmente, você pecou. E imediatamente você precisa de uma campanha para não
ser mais perseguido. O meu Jesus não diz isso. Diz que eu preciso aprender com
essas adversidades, que preciso melhorar. Que preciso me auto-analisar e
perceber se, também, por acaso, eu não tenho culpa por estar sendo perseguido. Ele
me diz que sou bem-aventurado porque tal perseguição me faz crescer. O Jesus dos
outros não. É um Jesus mimado que torna seus seguidores ainda mais mimados.
Resumindo: ser evangélico não é ser parte dessa massa podre
que aí está, corrompendo mentes já corrompidas e dando veneno a mentes já
envenenadas. Ser Evangélico é ser tal como Cristo era: simples, não ansioso e
amoroso.
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